26/09/2011
O sinal verde para o concurso do Senado Federal ainda depende da aprovação da reforma administrativa em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas, para muitos candidatos, a disputa começou há quase três anos, logo depois que o resultado do certame de 2008 foi divulgado. A Casa Legislativa ocupa lugar de destaque na lista dos órgãos públicos mais cobiçados pelos concurseiros, com salários que podem chegar a
R$ 20.900,13 para analista e R$ 16.563,02 para técnico. Na última seleção, organizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a relação candidato/vaga chegou a quatro dígitos em determinadas funções — para o cargo de policial legislativo federal, por exemplo, foi de 1.196,50. Por isso, alunos e professores dos cursos preparatórios não duvidam: a seleção desta vez será ainda mais acirrada e com um grau maior de exigência.
O professor do Gran Cursos e especialista em provas discursivas João Dino dos Santos é taxativo: a redação pode decidir o certame. “Ela é o grande desafio dos candidatos, principalmente em um concurso dessa envergadura. Se a FGV for novamente a banca escolhida, é preciso atenção redobrada e treinamento especial em relação aos comandos das questões objetivas, que são de múltipla escolha, o que dá maior margem para confusão e erros”, avalia. Santos recomenda que o candidato a analista legislativo esteja preparado para uma prova expositiva conceitual.

O professor lembra que, no concurso de 2008, a Constituição e as peculiaridades do sistema eleitoral majoritário foram cobradas. Ele também alerta que há grande possibilidade da exploração de temas como as etapas do processo legislativo. “É importantíssimo que o candidato esteja por dentro dos assuntos discutidos no âmbito do Senado e da Câmara dos Deputados. As perguntas discursivas exigem tanto o domínio do português quanto do objeto explorado. Quem não conhece bem a língua não consegue discorrer bem, não sabe organizar o pensamento e não tem clareza na escrita”, assegura. Para as questões de interpretação de texto, Dino sugere que o candidato sempre leia o enunciado antes.

O especialista e professor em processo legislativo e regimento interno Jefferson Ribeiro pondera que ambos os conteúdos são cada dia mais explorados em provas da Câmara ou do Senado. Segundo ele, o regimento interno tem como norma complementar o processo legislativo, que detalha a tramitação das proposições da casa. O primeiro é um documento que dirige os trabalhos administrativos e os serviços legislativos. “A partir da Constituição Federal, ele organiza o trâmite do processo legislativo, a conduta dos parlamentares e a composição dos órgãos da Casa. Conhecer esse funcionamento é fundamental para quem disputa uma vaga no Senado. Muitos candidatos deixam para estudar esses conteúdos em cima da hora, o que pode ser um erro determinante”, considera.

Ribeiro ressalta que a prova de 2008 exigiu muito do candidato em relação às normas internas da Câmara também. “Várias matérias são apreciadas em sessão conjunta e é preciso dominar o regimento do Congresso Nacional como um todo, assim como o Código de Ética e o decoro parlamentar. Não tenho dúvidas de que esse conhecimento específico será exigido. Tivemos mais de 20 questões objetivas e uma discursiva no último certame”, lembra o professor, que também é servidor da Câmara.

Para o docente de direito administrativo da Vestconcursos Emerson Caetano, os concurseiros devem atentar para pontos como os princípios, a organização administrativa do Estado, os atos e as modalidades de contratos. A dica é procurar um bom material e fazer exercícios relacionados a tais tópicos. “Candidatos que nunca tiveram contato com esse assunto, geralmente, encontram dificuldade em relação à terminologia e aos conceitos jurídicos. A matéria em si é simples, mas a concorrência é alta e o nível de exigência também. Sugiro que o candidato resolva as provas anteriores para ter uma noção”, indica.

A empresária Isabela Duarte, 29 anos, optou por um cursinho para intensificar os estudos. Ela conta que, desde 2009, tem se debruçado em livros para conseguir uma vaga de técnico legislativo. “O conteúdo é extenso. Acordo às 5h todos os dias e estudo até as 8h. Trabalho pela manhã e, à tarde, vou para o cursinho. À noite, faço uma revisão das matérias. Também gosto de fazer simulados na internet e, quando estou cansada, procuro estudar ao ar livre” conta.

A bióloga Gianni Santos Sales, 26 anos, disputará uma vaga de analista legislativo e revela ter uma preocupação especial com os conteúdos de direito constitucional e regimento interno. “Me assusto com os jargões que não conheço, mas procuro seguir um cronograma de estudos para me familiarizar. Tenho feito muitos exercícios e acho que é uma boa forma de aprender”, observa.

Mais vagas
Segundo informações da Agência Senado, a previsão é que o novo concurso disponibilize 180 vagas, incluindo formação de cadastro de reserva. A diretoria-geral do Senado estima que entre 300 a 400 servidores terão se aposentado até o fim deste ano. No último concurso, foram disponibilizadas 70 chances para analista e técnico legislativo em diversas áreas. À época, o exame foi composto por 80 perguntas objetivas para graduados e 70 para nível médio, além de questões discursivas nos dois casos. Foram cobradas disciplinas como língua portuguesa, inglês, espanhol, noções de informática, conhecimentos gerais e específicos.

Enviado pelo professor auxiliar Pablo Francesco, via fonte: Correio Web

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