13/11/2012

Hoje tem o bom e velho português para vocês. Tem que ter, né?Afinal, ele está em todas as provas! Com vocês, tipologia textual. Vamos ler?

Tendo em vista os diversos concursos que abordam o tema, separei para vocês dois quadros super importantes que podem facilitar a memorização das modalidades textuais e os tipos de textos existentes:

Modos de texto: Estrutura/Organização do texto

INTENÇÃO DO

AUTOR

EVOLUÇÃO

CRONOLÓGICA

CARACTERÍSTICAS

PRINCIPAIS

NARRATIVO Relatar

acontecimentos

SIM. O antes e o

depois. Marca fundamental

Verbos de ação.

Conectores temporais.

DESCRITIVO Caracterizar,

qualificar cenas, personagens etc.

NÃO. Tempo

congela. Fatos

ocorrem ao

mesmo tempo.

Substantivos.

Adjetivos.

DISSERTATIVO Discutir, abstrair,

discorrer,

conceituar. Não descrever.

Não é relevante. Relações de subordinação. (Causa e Efeito). Aparecimento de testemunhos de autoridade, dados estatísticos, exemplos.

Tipos de textos

1) Informativo: Informar, veicular conhecimento que o leitor desconhece. É mais

específico do que expositivo. Ex.: jornal, bula de remédio etc. (*) Tem  por Marcas

lingüísticas freqüentes a clareza e a precisão. Procura meios de atrair a atenção  do

leitor para o que é veiculado.  Traz implícita a idéia de que o conteúdo do texto é de

interesse dos leitores.

2) Didático: Ensinar, também são informações que o leitor desconhece. Ex: livros didáticos.

3) Expositivo: Expõe o que se sabe, sem opinar. Ex: questões discursivas em concursos

públicos.

4) Opinativo: Também chamado de argumentativo. Diferente do expositivo. Há a

colocação da opinião do autor. Ex: os editoriais dos jornais.

5) Polêmico: Neste texto aparecem, ao menos, dois pontos de vista sobre um assunto.

Ex.: artigos que tratam de temas polêmicos – aborto, o sistema de reserva de quotas para

negros nas universidades etc.

6) Injuntivo:Tem por objetivo instruir em vista de uma ação. Ex.: manuais.

Extraído do livro: Português simplificado para concursos, vol. II: gramática e interpretação de textos, análise sintática,pontuação etipologia textual, questões com comentários e provas de variadas bancas / Fernando

Figueiredo, AdrianaFigueiredo. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2009

(Cespe/UnB)

Texto VI

Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio

Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo:

Quaresma era antes de tudo brasileiro. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu

País, tanto assim que aquilo que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul com

seu gado, não era o café de São Paulo, não eram o ouro e os diamantes de Minas, não era a

beleza da Guanabara, não era a altura da Paulo Afonso, não era o extro de Gonçalves Dias

ou o ímpeto de Andrade Neves – era tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira

estrelada do Cruzeiro.

Logo aos dezoito anos quis fazer-se militar; mas a junta de saúde julgou-o incapaz.

Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a Pátria. O ministério era liberal, ele se fez

conservador e continuou mais do que nunca a amar a “terra que o viu nascer”.

Impossibilitado de evoluir-se sob os dourados do Exército, procurou a administração e dos

seus ramos escolheu o militar.

Era onde estava bem. No meio de soldados, de canhões, de veteranos, de papelada

Inçada de quilos de pólvora, de nomes de fuzis e termos técnicos de artilharia, aspirava

Diariamente aquele hálito de guerra, de bravura, de vitória, de triunfo, que é bem o hálito da

Pátria.

Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a Pátria, nas suas riquezas

Naturais, na sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Quaresma

Sabia as espécies de minerais, vegetais e animais, que o Brasil continha; sabia o valor do

Ouro, dos diamantes exportados por Minas, as guerras holandesas, as batalhas do Paraguai,

As nascentes e o curso de todos os rios. Defendia com azedume e paixão a proeminência do

Amazonas  sobre todos os demais rios do mundo. Para isso ia até o crime de amputar alguns

Quilômetros ao Nilo e era com este rival do “seu” rio  que ele mais implicava. Ai de quem o

Citasse na sua frente! Em geral, calmo e delicado, o major ficava agitado e malcriado,

Quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo.

Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani. Todas as manhãs, antes

Que a “Aurora, com seus dedos rosados, abrisse caminho ao louro Febo”, ele se atracava até

Ao almoço com o Montoya, Arte Y diccionario de La lengua guarani ó más bien tupi, e

Estudava o jargão caboclo com afinco e paixão. Na repartição, os pequenos deram não se

Sabe por que em chamá-lo – Ubirajara. Certa vez, o escrevente Azevedo, ao assinar o

Ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava às costas, disse em tom chocarreiro: “Você já viu

Que hoje o Ubirajara está tardando?”

Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a sua ilustração, a modéstia e

honestidade de seu viver impunham-no ao respeito de todos. Sentindo que a alcunha lhe era

Dirigida, não perdeu a dignidade, não prorrompeu em doestos e insustos. Endireitou-se,

Concentrou o pince-nez, levantou o dedo indicador no ar e respondeu:

- Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao ridículo aqueles que

Trabalham em silêncio, para a grandeza e a emancipação da Pátria.

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

Rio de Janeiro: Record, 2ª Ed., 1998, p.17-8.

1) No que diz respeito á tipologia textual, assinale a opção incorreta.

A)    Apesar de conter passagens narrativas, o texto é fundamentalmente uma

descrição de Policarpo Quaresma.

B)     Há, no texto, três ocorrências de discurso direto.

C)    Em “do Amazonas em face da do Nilo” (l.26), o vocábulo extensão é subentendido.

D)    Na linha 28, o trecho entre aspas não se identifica com o estilo predominante no

Texto.

E)      A expressão “louro Febo” (l.28) é uma alusão ao sol.

Gabarito:

Resposta letra B, pois há no texto somente duas ocorrências de discurso direto, uma na linha 35 e outra na linha 39.

A letra A está correta – O Objetivo maior do texto é caracterizar Policarpo Quaresma. Ainda assim, há passagens narrativas principalmente nos segundo e quarto parágrafos.

A letra C está igualmente correta, eis que a presença do artigo na contração “da” em “em face da do Nilo”, pressupõe o substantivo subentendido.

A letra D está correta, pois o trecho apresenta uma linguagem mais arcaica, estilo que não predominou no texto.

A letra E de fato indica uma alusão ao Sol.

Cedido pela professora auxiliar Glaucia Dornellas

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