Hoje tem o bom e velho português para vocês. Tem que ter, né?Afinal, ele está em todas as provas! Com vocês, tipologia textual. Vamos ler?
Tendo em vista os diversos concursos que abordam o tema, separei para vocês dois quadros super importantes que podem facilitar a memorização das modalidades textuais e os tipos de textos existentes:
Modos de texto: Estrutura/Organização do texto
INTENÇÃO DO
AUTOR |
EVOLUÇÃO
CRONOLÓGICA |
CARACTERÍSTICAS
PRINCIPAIS |
|
NARRATIVO | Relatar
acontecimentos |
SIM. O antes e o
depois. Marca fundamental |
Verbos de ação.
Conectores temporais. |
DESCRITIVO | Caracterizar,
qualificar cenas, personagens etc. |
NÃO. Tempo
congela. Fatos ocorrem ao mesmo tempo. |
Substantivos.
Adjetivos. |
DISSERTATIVO | Discutir, abstrair,
discorrer, conceituar. Não descrever. |
Não é relevante. | Relações de subordinação. (Causa e Efeito). Aparecimento de testemunhos de autoridade, dados estatísticos, exemplos. |
Tipos de textos
1) Informativo: Informar, veicular conhecimento que o leitor desconhece. É mais
específico do que expositivo. Ex.: jornal, bula de remédio etc. (*) Tem por Marcas lingüísticas freqüentes a clareza e a precisão. Procura meios de atrair a atenção do leitor para o que é veiculado. Traz implícita a idéia de que o conteúdo do texto é de interesse dos leitores. 2) Didático: Ensinar, também são informações que o leitor desconhece. Ex: livros didáticos. 3) Expositivo: Expõe o que se sabe, sem opinar. Ex: questões discursivas em concursos públicos. 4) Opinativo: Também chamado de argumentativo. Diferente do expositivo. Há a colocação da opinião do autor. Ex: os editoriais dos jornais. 5) Polêmico: Neste texto aparecem, ao menos, dois pontos de vista sobre um assunto. Ex.: artigos que tratam de temas polêmicos – aborto, o sistema de reserva de quotas para negros nas universidades etc. 6) Injuntivo:Tem por objetivo instruir em vista de uma ação. Ex.: manuais. |
Extraído do livro: Português simplificado para concursos, vol. II: gramática e interpretação de textos, análise sintática,pontuação etipologia textual, questões com comentários e provas de variadas bancas / Fernando
Figueiredo, AdrianaFigueiredo. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
(Cespe/UnB)
Texto VI
Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio
Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo:
Quaresma era antes de tudo brasileiro. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu
País, tanto assim que aquilo que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul com
seu gado, não era o café de São Paulo, não eram o ouro e os diamantes de Minas, não era a
beleza da Guanabara, não era a altura da Paulo Afonso, não era o extro de Gonçalves Dias
ou o ímpeto de Andrade Neves – era tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira
estrelada do Cruzeiro.
Logo aos dezoito anos quis fazer-se militar; mas a junta de saúde julgou-o incapaz.
Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a Pátria. O ministério era liberal, ele se fez
conservador e continuou mais do que nunca a amar a “terra que o viu nascer”.
Impossibilitado de evoluir-se sob os dourados do Exército, procurou a administração e dos
seus ramos escolheu o militar.
Era onde estava bem. No meio de soldados, de canhões, de veteranos, de papelada
Inçada de quilos de pólvora, de nomes de fuzis e termos técnicos de artilharia, aspirava
Diariamente aquele hálito de guerra, de bravura, de vitória, de triunfo, que é bem o hálito da
Pátria.
Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a Pátria, nas suas riquezas
Naturais, na sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Quaresma
Sabia as espécies de minerais, vegetais e animais, que o Brasil continha; sabia o valor do
Ouro, dos diamantes exportados por Minas, as guerras holandesas, as batalhas do Paraguai,
As nascentes e o curso de todos os rios. Defendia com azedume e paixão a proeminência do
Amazonas sobre todos os demais rios do mundo. Para isso ia até o crime de amputar alguns
Quilômetros ao Nilo e era com este rival do “seu” rio que ele mais implicava. Ai de quem o
Citasse na sua frente! Em geral, calmo e delicado, o major ficava agitado e malcriado,
Quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo.
Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani. Todas as manhãs, antes
Que a “Aurora, com seus dedos rosados, abrisse caminho ao louro Febo”, ele se atracava até
Ao almoço com o Montoya, Arte Y diccionario de La lengua guarani ó más bien tupi, e
Estudava o jargão caboclo com afinco e paixão. Na repartição, os pequenos deram não se
Sabe por que em chamá-lo – Ubirajara. Certa vez, o escrevente Azevedo, ao assinar o
Ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava às costas, disse em tom chocarreiro: “Você já viu
Que hoje o Ubirajara está tardando?”
Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a sua ilustração, a modéstia e
honestidade de seu viver impunham-no ao respeito de todos. Sentindo que a alcunha lhe era
Dirigida, não perdeu a dignidade, não prorrompeu em doestos e insustos. Endireitou-se,
Concentrou o pince-nez, levantou o dedo indicador no ar e respondeu:
- Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar ao ridículo aqueles que
Trabalham em silêncio, para a grandeza e a emancipação da Pátria.
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Rio de Janeiro: Record, 2ª Ed., 1998, p.17-8.
1) No que diz respeito á tipologia textual, assinale a opção incorreta.
A) Apesar de conter passagens narrativas, o texto é fundamentalmente uma
descrição de Policarpo Quaresma.
B) Há, no texto, três ocorrências de discurso direto.
C) Em “do Amazonas em face da do Nilo” (l.26), o vocábulo extensão é subentendido.
D) Na linha 28, o trecho entre aspas não se identifica com o estilo predominante no
Texto.
E) A expressão “louro Febo” (l.28) é uma alusão ao sol.
Gabarito:
Resposta letra B, pois há no texto somente duas ocorrências de discurso direto, uma na linha 35 e outra na linha 39.
A letra A está correta – O Objetivo maior do texto é caracterizar Policarpo Quaresma. Ainda assim, há passagens narrativas principalmente nos segundo e quarto parágrafos.
A letra C está igualmente correta, eis que a presença do artigo na contração “da” em “em face da do Nilo”, pressupõe o substantivo subentendido.
A letra D está correta, pois o trecho apresenta uma linguagem mais arcaica, estilo que não predominou no texto.
A letra E de fato indica uma alusão ao Sol.
Cedido pela professora auxiliar Glaucia Dornellas
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